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    O desastre em Mariana e a luta pela recuperação do Rio Doce - parte 2

    ptNovember 03, 2023
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    About this Episode

    Série de podcast especial para a Ciência & Cultura analisa o impacto do rompimento da Barragem do Fundão e os desafios contínuos na restauração ambiental e social

    Em 5 de novembro de 2015, um marco trágico ecoou pelos vales de Mariana, quando a Barragem do Fundão, pertencente à Samarco Mineração S.A., sucumbiu, desencadeando um dos piores desastres ambientais da história brasileira. O acidente liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, formados, principalmente, por óxido de ferro, água e lama - rejeitos que podem devastar grandes ecossistemas. A enxurrada de rejeitos alcançou o Distrito de Bento Rodrigues, a aproximadamente 5 km de distância, seguiu para o Rio Gualaxo do Norte, percorrendo 55 km até desembocar no Rio do Carmo e, posteriormente, atingir o Rio Doce. Os danos se estenderam pelo litoral do Espírito Santo, gerando impactos ambientais devastadores que persistem até os dias atuais.

    Em uma série de três episódios, o podcast produzido pela Univale especialmente para a Ciência & Cultura, traz três olhares diferentes – de especialistas, de ONGs e de quem vivenciou a tragédia - sobre o desastre de Mariana, suas consequências, e as estratégias necessárias para a recuperação ambiental.

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    Cesar Lattes e os institutos de ciência

    Cesar Lattes e os institutos de ciência
    Cientista contribuiu para a fundação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

    César Lattes é um os cientistas brasileiros mais renomados. Sua trajetória demonstra não apenas um comprometimento com a ciência, mas também com o desenvolvimento científico do Brasil. O físico tornou-se conhecido por descobrir a partícula subatômica méson pi (píon). Seu trabalho acabou recebendo o Prêmio Nobel de Física — mas ele ficou de fora da premiação, gerando uma controvérsia que perdura até hoje. Aliás, ele foi indicado sete vezes ao prêmio, sem nunca ser agraciado.

    Para além de suas descobertas científicas, Cesar Lattes foi fundamental para a consolidação da física no país e para a criação de vários institutos e centros de pesquisas. Um deles foi o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), que ajudou a fundar em 1949. A criação do CBPF não foi apenas um ato de pioneirismo científico: foi também um movimento estratégico para consolidar o desenvolvimento da ciência no Brasil. O CBPF foi, portanto, mais do que um espaço de estudo. Foi uma resposta à necessidade de investimentos fora do ambiente universitário tradicional. “O Cesar Lattes utilizou seu imenso capital científico para contribuir para a institucionalização e o avanço da ciência brasileira”, aponta Ana Maria Ribeiro de Andrade, pesquisadora titular aposentada do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e autora de obras como “Físicos, Mésons e Política: a dinâmica da ciência na sociedade” (Hucitec, 1999).

    Além do CBPF, Lattes foi um dos fundadores de instituições que moldaram a ciência brasileira, como a Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), uma entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para incentivo à pesquisa no Brasil. Ainda contribuiu para a consolidação do Centro Nacional de Energia Nuclear (1968); e do Instituto de Física que recebe o nome de seu fundador, Gleb Wataglin, na Unicamp. “A importância de Lattes para a ciência no Brasil vai além do méson pi. Ele deixou um imenso legado, que persiste até hoje”, finaliza Ana Maria Ribeiro.
    Ciência & Cultura Cast
    ptMarch 06, 2024

    O desastre em Mariana e a luta pela recuperação do Rio Doce - parte 3

    O desastre em Mariana e a luta pela recuperação do Rio Doce - parte 3
    Série de podcast especial para a Ciência & Cultura analisa o impacto do rompimento da Barragem do Fundão e os desafios contínuos na restauração ambiental e social

    Em 5 de novembro de 2015, um marco trágico ecoou pelos vales de Mariana, quando a Barragem do Fundão, pertencente à Samarco Mineração S.A., sucumbiu, desencadeando um dos piores desastres ambientais da história brasileira. O acidente liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, formados, principalmente, por óxido de ferro, água e lama - rejeitos que podem devastar grandes ecossistemas. A enxurrada de rejeitos alcançou o Distrito de Bento Rodrigues, a aproximadamente 5 km de distância, seguiu para o Rio Gualaxo do Norte, percorrendo 55 km até desembocar no Rio do Carmo e, posteriormente, atingir o Rio Doce. Os danos se estenderam pelo litoral do Espírito Santo, gerando impactos ambientais devastadores que persistem até os dias atuais.

    Em uma série de três episódios, o podcast produzido pela Univale especialmente para a Ciência & Cultura, traz três olhares diferentes – de especialistas, de ONGs e de quem vivenciou a tragédia - sobre o desastre de Mariana, suas consequências, e as estratégias necessárias para a recuperação ambiental.
    Ciência & Cultura Cast
    ptNovember 03, 2023

    O desastre em Mariana e a luta pela recuperação do Rio Doce - parte 2

    O desastre em Mariana e a luta pela recuperação do Rio Doce - parte 2
    Série de podcast especial para a Ciência & Cultura analisa o impacto do rompimento da Barragem do Fundão e os desafios contínuos na restauração ambiental e social

    Em 5 de novembro de 2015, um marco trágico ecoou pelos vales de Mariana, quando a Barragem do Fundão, pertencente à Samarco Mineração S.A., sucumbiu, desencadeando um dos piores desastres ambientais da história brasileira. O acidente liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, formados, principalmente, por óxido de ferro, água e lama - rejeitos que podem devastar grandes ecossistemas. A enxurrada de rejeitos alcançou o Distrito de Bento Rodrigues, a aproximadamente 5 km de distância, seguiu para o Rio Gualaxo do Norte, percorrendo 55 km até desembocar no Rio do Carmo e, posteriormente, atingir o Rio Doce. Os danos se estenderam pelo litoral do Espírito Santo, gerando impactos ambientais devastadores que persistem até os dias atuais.

    Em uma série de três episódios, o podcast produzido pela Univale especialmente para a Ciência & Cultura, traz três olhares diferentes – de especialistas, de ONGs e de quem vivenciou a tragédia - sobre o desastre de Mariana, suas consequências, e as estratégias necessárias para a recuperação ambiental.
    Ciência & Cultura Cast
    ptNovember 03, 2023

    O desastre em Mariana e a luta pela recuperação do Rio Doce - parte 1

    O desastre em Mariana e a luta pela recuperação do Rio Doce - parte 1
    Série de podcast especial para a Ciência & Cultura analisa o impacto do rompimento da Barragem do Fundão e os desafios contínuos na restauração ambiental e social

    Em 5 de novembro de 2015, um marco trágico ecoou pelos vales de Mariana, quando a Barragem do Fundão, pertencente à Samarco Mineração S.A., sucumbiu, desencadeando um dos piores desastres ambientais da história brasileira. O acidente liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, formados, principalmente, por óxido de ferro, água e lama - rejeitos que podem devastar grandes ecossistemas. A enxurrada de rejeitos alcançou o Distrito de Bento Rodrigues, a aproximadamente 5 km de distância, seguiu para o Rio Gualaxo do Norte, percorrendo 55 km até desembocar no Rio do Carmo e, posteriormente, atingir o Rio Doce. Os danos se estenderam pelo litoral do Espírito Santo, gerando impactos ambientais devastadores que persistem até os dias atuais.

    Em uma série de três episódios, o podcast produzido pela Univale especialmente para a Ciência & Cultura, traz três olhares diferentes – de especialistas, de ONGs e de quem vivenciou a tragédia - sobre o desastre de Mariana, suas consequências, e as estratégias necessárias para a recuperação ambiental.
    Ciência & Cultura Cast
    ptNovember 03, 2023

    Cooperação científica na América Latina

    Cooperação científica na América Latina
    União entre países latinos pode fortalecer a ciência global

    Na América Latina, a cooperação científica e tecnológica entre países da região desempenha um papel crucial no desenvolvimento e progresso científico. No entanto, essa colaboração enfrenta desafios significativos, especialmente quando comparada com os países do Norte Global, que muitas vezes têm vantagens estruturais e de tradição.

    Um dos principais desafios é o desequilíbrio de recursos e capacidades. Países do Norte Global muitas vezes possuem investimentos substanciais em pesquisa e desenvolvimento, infraestrutura de ponta e recursos humanos altamente qualificados. Isso cria uma disparidade significativa em relação aos países da América Latina, que podem enfrentar limitações orçamentárias e falta de infraestrutura moderna. Para Tiago Braga, diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, onde atua também como líder do Laboratório de Informação e Sociedade, é preciso repensar a avaliação da ciência em nível mundial. “Precisamos pensar como essa ciência feita no Sul Global pode ser valorizada e pode ser considerada relevante a partir de outros mecanismos que não os tradicionais, porque se continuarmos nos mecanismos tradicionais, quem já está na frente, que tem uma estrutura pronta, sempre vai ter uma vantagem”.

    Outro desafio é a falta de coordenação e estratégia regional. A colaboração científica e tecnológica pode ser mais eficaz quando há uma abordagem regional unificada. No entanto, a América Latina muitas vezes carece de mecanismos eficazes de coordenação e estratégia, o que pode dificultar a maximização dos benefícios da cooperação. “Um dos principais desafios que temos que enfrentar é a construção de redes – e o Brasil tem um papel muito importante nisso, porque ele é um grande país produtor de ciência no Sul Global”, afirma Tiago Braga. “Esses conhecimentos devem ser disponibilizados numa rede que tenha visibilidade internacional capaz de permitir que as pesquisas e os conteúdos criados a partir dos investimentos nacionais possam ser disponibilizados e acessados em outras estruturas internacionais”.

    Apesar desses desafios, a cooperação científica e tecnológica entre países da América Latina continua sendo essencial para enfrentar os desafios globais, impulsionar o desenvolvimento econômico e melhorar a qualidade de vida das populações da região. Superar esses obstáculos exigirá um compromisso contínuo com a colaboração regional, investimentos em infraestrutura e recursos humanos, além de estratégias de financiamento inovadoras para impulsionar a pesquisa e a inovação na América Latina. “Precisamos fazer um movimento de abertura da pesquisa de abertura dos processos científicos que são só nossos. “Para a gente fazer esse movimento de abertura, também precisamos fazer esse movimento paralelo que é de fortalecimento das estruturas informacionais nacionais. A ciência aberta tem que vir necessariamente atrelada a um investido em infraestrutura para pesquisa”, defende Tiago Braga.
    Ciência & Cultura Cast
    ptOctober 10, 2023

    Papel global da América Latina

    Papel global da América Latina
    Região tem papel fundamental em questões urgentes no cenário mundial

    O cenário atual é crítico, com desafios globais interconectados, incluindo crises econômicas, energéticas e migratórias. Tais desafios demandam abordagens complexas e multilaterais. A América Latina enfrenta desafios e oportunidades únicas em um mundo em constante transformação.

    Neste contexto, é crucial que os governos da região desenvolvam uma agenda conjunta que vá além da lógica bipolar e promova o multilateralismo. O diálogo intra-regional deve ser fortalecido, e cúpulas de presidentes, após um hiato de sete anos, precisam ser retomadas. Além disso, é necessário repensar os acordos de integração, transformando-os em instrumentos de interdependência econômica e geopolítica, em vez de meros acordos comerciais. “A integração mostra um novo tipo de potência desses países, a capacidade de negociar conjuntamente sobre uma série de aspectos – desde a democracia na construção de políticas que sejam mais inclusivas até as decisões econômicas”, pontua Edna Castro, professora emérita da Universidade Federal do Pará (UFP) e recentemente eleita presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS).

    A América Latina possui um potencial significativo na agenda climática e energética, tornando-se um aliado-chave para a União Europeia e outros parceiros globais. Com metade da biodiversidade mundial, 33% da energia proveniente de fontes renováveis e vastas reservas de minerais essenciais para a transição ecológica, a região pode desempenhar um papel crucial na transição global para uma economia mais sustentável. “Nós não podemos nos furtar de debater as emergências climáticas que estão ocorrendo no mundo inteiro. Nós estamos convivendo com esses desastres, que serão cada vez mais intensos e mais próximos. E a integração latino-americana passa necessariamente em como integrar sem destruir”, enfatiza a pesquisadora.

    A recente cúpula entre a Celac e a União Europeia expôs o papel da América Latina no cenário político global. Para Edna Castro, em meio a desafios globais complexos, a América Latina tem a chance de se posicionar como um ator-chave na arena internacional, promovendo a cooperação e ajudando a moldar um mundo mais sustentável e equitativo. É crucial que a região aproveite essas oportunidades e construa alianças estratégicas para enfrentar os desafios do século XXI. “Se vamos falar de integração, temos que pensar na integração de países que são cidadãos, que lidam com a diversidade e com os dilemas – e o dilema é a população dessa região não poder viver a plenitude de suas vidas”, finaliza.
    Ciência & Cultura Cast
    ptSeptember 27, 2023

    Consolidação democrática na América Latina

    Consolidação democrática na América Latina
    Episódios recentes demonstram a fragilidades dos regimes democráticos na região

    Avanço da extrema-direita, aumento de regimes autoritários, enfraquecimento dos regimes democráticos. A democracia na América Latina está sob forte risco. O tema é discutido no último episódio do Ciência & Cultura Cast, o podcast da revista Ciência & Cultura, que nesta edição trata do tema “América Latina: Integração e Democracia”.

    Nos últimos anos, a América Latina testemunhou avanços promissores e preocupações crescentes no seu cenário democrático. Embora a região tenha uma rica história de luta pela governação democrática, hoje enfrenta vários desafios. Um dos principais riscos para a democracia na América Latina reside na fragilidade das instituições. Muitos países da região enfrentam problemas de corrupção, falta de transparência e um Estado de direito fraco, que minam a confiança do público no processo democrático. Essas questões são frequentemente agravadas por disparidades econômicas, agitação social e prevalência do crime organizado, criando um ambiente volátil que testa a resistência dos sistemas democráticos. “Isso deixa claro as fragilidades que nossas democracias, inclusive a brasileira, demonstraram ao longo dessas duas, três décadas de vigência entre o fim dos regimes militares e esse período mais recentemente”, pontua Clayton Mendonça Cunha Filho, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador-associado do Observatório Político Sul-Americano (IESP-UERJ).

    Para o pesquisador, esse cenário contribuiu para a ascensão de líderes alinhados à extrema-direita em toda a América Latina, levantou questões sobre a resiliência das normas democráticas. Alguns líderes foram acusados de minar as instituições democráticas e de concentrar o poder no poder executivo, o que pode levar à erosão dos pesos e contrapesos. Além disso, o clima político polarizado em muitos países tem dificultado o diálogo construtivo e a cooperação entre as diferentes facções, desafiando ainda mais a estabilidade da governação democrática. “A incapacidade desses regimes darem uma reposta eficiente aos problemas gerais da população – geração de emprego, crescimento econômico, educação de qualidade, distribuição de renda - contribuiu para o atual fortalecimento da extrema-direita. Ao não conseguir responder aos grandes problemas da população, dão a esse tipo de ator e deixam as democracias frágeis”, explica Clayton Mendonça.

    À medida que a América Latina enfrenta esses riscos multifacetados, o futuro da democracia na região depende do fortalecimento das instituições, da promoção da participação política inclusiva e da abordagem das disparidades socioeconômicas que continuam a alimentar o descontentamento entre as suas diversas populações. “É preciso também ter maior cuidado com a memória, com a educação cívica para as pessoas saberem se verdade o que foram essas ditaduras. Em Santiago, no Chile, por exemplo, você tem o Museu da Memória e dos Direitos Humanos, que é um grande memorial do que foi a ditadura. Assim, é possível conhecer o que foram aqueles abusos aos direitos humanos na prática”.
    Ciência & Cultura Cast
    ptSeptember 20, 2023

    Contribuições da ciência básica para a saúde

    Contribuições da ciência básica para a saúde
    Ciência e tecnologia são fundamentais para a saúde e o bem-estar da população

    Inovações em tratamentos para prevenção e cura de doenças, redução da mortalidade, aumento do bem-estar e da longevidade. Esses são apenas alguns exemplos de como as ciências podem contribuir para a saúde. O tema é discutido no último episódio do Ciência & Cultura Cast, o podcast da revista Ciência & Cultura, que nesta edição trata do tema “Ciência básica para o desenvolvimento sustentável”.

    A pandemia da covid-19 trouxe de volta a discussão sobre a importância da ciência e seus benefícios para a população e a sociedade. Foi graças à pesquisa científica que foi possível sequenciar o coronavírus, compreender os sintomas e sequelas da doença, e avançar nas tecnologias para a produção de vacinas. “Na verdade, a ciência foi nossa trincheira. E não foram só as ciências básicas da saúde que se uniram e tentaram ter iniciativas contrárias ao desastre que foi a resposta brasileira à pandemia, mas também pessoas de outras áreas que apoiaram muito esse processo de enorme resistência”, aponta a médica Lígia Bahia, professora do Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

    Por outro lado, a veiculação e compartilhamento de informações falsas por meio de redes sociais, blogs, sites ou aplicativos de mensagens, trouxeram consequências sérias à saúde individual e coletiva. Durante a pandemia, foram várias as fake news que apoiavam tratamentos ineficazes, ao mesmo tempo em que atacavam o isolamento e as vacinas. Até hoje algumas dessas informações falsas persistem, e são um dos fatores que contribuíram para a queda na taxa vacinal contra várias doenças em todo o país. Além disso, a desigualdade é um fator complicador no acesso à saúde e no cuidado da população. Sete em cada dez brasileiros usam o Sistema Único de Saúde (SUS), e o país ainda acumula uma carência com cerca de 30 milhões de pessoas sem acesso à saúde, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE). “O que mata é a desigualdade. É fundamental que todo mundo que milita na área da saúde tenha essa compreensão: precisamos reduzir as desigualdades no Brasil”.

    O investimento em educação e ciência é fundamental para combater a desinformação e avançar em estudos que contribuam para a saúde e o bem-estar da população. Para Lígia Bahia, a ciência precisa ser transversal nas políticas do País. “A gente espera ter políticas de estado e não politica de governo. Assim a gente fica a mercê de um sistema de saúde muito cruel, onde quem tem mais continua recebendo mais. A gente precisa ir mudando isso”, finaliza.
    Ciência & Cultura Cast
    ptAugust 03, 2023

    Cidades sustentáveis

    Cidades sustentáveis
    Cidades sustentáveis

    Mudar o modelo atual de urbanização é fundamental para evitar o esgotamento dos recursos naturais e conter a crise climática

    Atualmente, 55% da população mundial vive em áreas urbanas e esse número deve crescer para 68% até 2050. Os dados são do “Relatório Mundial das Cidades 2022”, publicado pela ONU-Habitat. Por isso, se torna cada vez mais necessário pensar em modelos sustentáveis para as cidades. Esse é o tema discutido no último episódio do Ciência & Cultura Cast, o podcast da revista Ciência & Cultura, que nesta edição trata do tema “Ciência básica para o desenvolvimento sustentável”.

    A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, aponta que as cidades sustentáveis são fundamentais para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O foco principal é reordenar o funcionamento dos centros urbanos para evitar o esgotamento dos recursos naturais e conter a crise climática. Para isso, as políticas públicas devem contemplar as áreas da educação, trabalho, saúde, lazer, assistência social, meio ambiente, cultura, moradia e transporte. Para Raiza Gomes Fraga, assessora técnica no Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), falar de meio ambiente e biodiversidade não pode excluir outros grandes desafios brasileiros. “A redução da pobreza e das desigualdades, a garantia da segurança alimentar e o acesso à educação e saúde são alguns dos temas prioritários do nosso país”, afirma a pesquisadora. Uma cidade sustentável deve conciliar todas essas questões.

    Os dados da ONU apontam que o modelo atual não irá suportar o adensamento populacional previsto para as próximas décadas se não houver uma mudança significativa no funcionamento das cidades. Por outro lado, também indica que as cidades podem ser lugares mais equitativos, ecológicos e baseados no conhecimento. E para isso a ciência é imprescindível. “Nós temos instrumentos de planejamento urbano que permitem que as cidades se alinhem com os objetivos de desenvolvimento sustentável”, aponta Fraga, que também atua no Observatório de Inovação para Cidades Sustentáveis (OICS). Ela cita os planos de mobilidade e de saneamento, que são grandes planos para direcionar as cidades a pensar melhores formas de conviver com seu espaço e com as pessoas. “O único caminho que temos é o caminho da sustentabilidade”, enfatiza.

    Ciência e segurança alimentar

    Ciência e segurança alimentar
    Ciência e segurança alimentar

    Brasil sabe como debelar a fome – e ciência é fundamental para alcançar essa meta

    Hoje, mais de 33 milhões de pessoas não têm o que comer diariamente no Brasil, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (REDE PENSSAN). O número é quase o dobro do estimado em 2020 e representa 14 milhões de pessoas a mais passando fome no país. Nesse cenário, a ciência é fundamental para oferecer soluções – tanto sociais, como econômicas e até mesmo de produção. Esse é o tema discutido no último episódio do Ciência & Cultura Cast, o podcast da revista Ciência & Cultura, que nesta edição trata do tema “Ciência básica para o desenvolvimento sustentável”.

    Apesar da pandemia ter contribuído significativamente para essa elevada alta que colocou o Brasil de volta ao Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) – de onde havia saído em 2014 – a fome não é consequência da covid-19. Segundo a economista Nathalie Beghin, integrante do colegiado de Gestão do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a pandemia de covid-19 impactou e acirrou a situação de pobreza e fome, mas crise que vivemos é anterior a ela. Para a pesquisadora, os impactos do desmonte das políticas de segurança alimentar e nutricional são agravados pelos efeitos da forma de produzir e consumir alimentos no Brasil que apresentam graves consequências na saúde das pessoas, no meio ambiente e nas mudanças climáticas. “Precisamos mudar muito a forma como produzimos e consumimos alimento, porque o modelo atual – que é um modelo baseado na exportação de commodities – é um modelo que adoece a população. Ele contribui para aumentar o desmatamento, para expulsar do campo o agricultor familiar, que é quem produz o alimento básico, para desvirtuar hábitos alimentares culturalmente enraizados”, afirma.

    Por outro lado, a boa notícia é que sabemos como fazer para enfrentar esta questão. “Conseguiremos sair com uma certa velocidade dessa situação porque a gente já sabe como fazer”, aponta Beghin. Segundo a pesquisadora, a fome é um problema multicausal decorrente da insuficiência de renda, da dificuldade de acessar alimentos de qualidade e em quantidades suficientes, e, de processos discriminatórios, como o racismo e o patriarcado, que penalizam mulheres, pessoas negras, povos indígenas, comunidades tradicionais e quilombolas, entre outras causas. Assim, o enfrentamento da insegurança alimentar e nutricional requer uma abordagem sistêmica e multissetorial. “As instituições estão sendo reorganizadas e reestruturadas a partir de uma experiência que a gente já teve. Agora precisamos aperfeiçoar”, finaliza.
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