Todos Os Nomes - Samba rock e a Vanguarda
A retomada do Podcast Todos os Nomes acontece em grande estilo, costurando uma longa história musical cinqüentenária, contada através da influência do samba rock. É, você já deve ter desconfiado, estou falando mesmo de Jorge Ben (Jor) e dessa mania de suingar que ele institucionalizou no Brasil e em outros países. Tem uma reca de gente que mexe com isso, que avança, retorna, repete aquilo que muita gente conheceu através dos clássicos. No entanto, não é minha intenção fazer uma homenagem à Jorge Ben (Jor) - essa ainda vai acontecer, mas não agora. Logo, misturei outras coisas.
A primeira da seleção é dele, Cadê o Penalty (A Banda do Zé Pretinho, 1978). No ano de lançamento deste disco, Jorge Ben (Jor) tinha uma carreira de 15 anos e já tinha rodado o mundo. Em 1972, ele excursionou pelo Japão, França (em Cannes) e pela Itália despachando malandragem com uma afinação bem peculiar. Com ele nas apresentações estava o Trio Mocotó, parceiros desde o encontro na boate Jogral, em São Paulo, mas que tocaram juntos no IV Festival Internacional da Canção (1969), interpretando a música "Charles anjo 45". Dizem que o nome do Trio é criação de Jorge Ben (Jor) e Nereu, em homenagem ao mocotó das moças que desfilvam de minisaias. Nereu deixou o Trio Mocotó e lançou Samba Power (2005), de onde vem a segunda da seleção, Vem Sambar.
A influência do samba rock de Jorge Ben (Jor) se multiplica nos ritmos e ganha novas cores, por exemplo, com o sambalanço do Funk Como Le Gusta, surgido na periferia de São Paulo no final da década de 1990. Aqui, na voz de Paula Lima, tem mais expressão a música Meu Guarda-chuva, do disco Roda de Funk, reeditado em 2000 pela Trama. É explícita mesmo a mestiçagem com compositores como Carlos Dafé, Bebeto e Wilson Simonal. Qualidade desde muito tempo.
Mas é do filho do Simonal uma frase emblemática: o futuro pertence à jovem vanguarda. Max de Castro abre o disco Orchestra Klaxon (que já apareceu aqui no Podcast) com essa música. Nada mais curioso, porque vanguarda existe sempre, mesmo no passado (olhando o horizonte e desequilibrando o presente). Max vem nesta seleção com Assim É... Se Lhe Parece (Balanço das Horas, 2006).
Antes dele, na vanguarda, estiveram Os Novos Baianos que - aqui no Podcast - aparecem na seqüência com a música Tinindo Trincando (Acabou Chorare, 1972). Na época que gravaram esse seu segundo disco, eles passaram a morar comunitariamente em um sítio localizado em Vargem Grande (RJ), onde ensaiavam, compunham e jogavam futebol.
Finalizando o Podcast, um craque da rabeca que nasceu na cena do Mangue Beat, andou o mundo ao lado da guitarra e dos samplers do DJ Dolores e hoje se aventura numa carreira solo, premiada com a seleção para a edição 2007 do Projeto Pixinginha. Maciel Salú começou com Os Quentes do Forró e o Sonho da Rabeca, ao lado do seu pai e dos seus irmãos.
Mas o caboclo encontrou seu caminho com a banda Terno do Terreiro e já lançou o segundo disco, Na Luz do Carbureto (2006). A música que encerra tem o mesmo nome do disco. Quanta vanguarda cabe em tanta simplicidade?