clube do livro

Edição do programa debate 'A Louca da Casa', de Rosa Montero. Um ensaio autobiográfico que compara as experiências da escritora, nem sempre verdadeiras, com as de importantes nomes como Goethe.

Na primeira parte do programa, Roberta Martinelli conversa com o músico e compositor Bruno Morais. Na sequência, a jornalista e empresária Dani Arrais fala sobre suas impressões.

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Effia e Esi são irmãs, mas não se conhecem. Nem sabem, na verdade, da existência uma da outra. Nascidas e criadas em duas aldeias no território que hoje é Gana. Duas mulheres com rumos diferentes. Effia, mulher mais bela da aldeia onde vive, é entregue pela família para um casamento com um inglês que trabalha no tráfico de escravos e vive em um castelo ali perto. Esi é sequestrada, levada aos porões do castelo, escravizada e levada para os Estados Unidos. Daqui partem suas árvores genealógicas, seus descendentes que conhecemos por séculos. Ramificações familiares que contam muito mais do que uma história de consanguinidade. Os galhos espalham questões sobre a construção de identidade, a liberdade, o direito de existir. De um ou de outro lado do Atlântico, indivíduos que constroem memória, história e estrutura. Para si e para os outros. O Caminho de Casa, de Yaa Gyasi, é tema deste último episódio da temporada Leia África. Para esta conversa, a jornalista Gabriela Mayer, apresentadora do Põe na Estante, recebe a historiadora Bruna Barbosa e o editor Marcelo Nardeli.

Este é um podcast produzido por Rádio Guarda-Chuva.

Produção, roteiro, edição e apresentação: Gabriela Mayer

Mixagem de som: João Victor Coura

Capa: Arthur Mayer

Trilha: Getz me to Brazil, Doug Maxwell

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Darling tem 10 anos e vive no Paraíso. Não exatamente esse que você talvez tenha pensado. É uma favela de barracos de zinco, onde mora também uma patota de crianças divertidas e curiosas, desbravadoras de espaços para brincar e ávidas pelas goiabas dos vizinhos ricos. A garota está sempre acompanhada. Chipo, Sbho, Bastard, Stina e Godknows são os companheiros de aventuras que, ao lado da narradora, entendem pouco a pouco o que é o mundo e quais são as mudanças de que tanto os adultos falam, em curso no Zimbábue. O crescimento, os movimentos e os deslocamentos vão levá-la a outra parte do mundo. Precisamos de Novos Nomes, de NoViolet Bulawayo, é tema do sétimo episódio dessa temporada do Põe na Estante, em que a mediadora Gabriela Mayer recebe os jornalistas Clara Rellstab e Rogerio Galindo.

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Há vidas que permanecem apesar. Apesar da guerra, apesar da violência, apesar do apagamento, apesar da história de traumas e dores. Quem vive quando o regime é a morte resiste. Há espaço para suspiros profundos e para respiradas rápidas aos que se humanizam diante da desumanidade, que se entregam à intimidade, ao privado e à individualidade, mesmo diante do insensível e do brutal. Khalifa, Bi Asha, Ilyas, Afyia, Hamza... cada nome, cada história que a colonização não apagou. Sobrevidas, de Abdulrazak Gurnah, é tema do sexto episódio da temporada. A jornalista Gabriela Mayer, mediadora da conversa, recebe a doutoranda em literatura Katria Galassi, pesquisadora de literaturas africanas, e o jornalista Rafael Gloria, um dos fundadores do Nonada Jornalismo.

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Maria das Dores inaugura a história das mulheres que fundam o mundo e fazem-no seguir. Sua irmã, sua mãe, sua avó, suas filhas são os elos de uma corrente que alarga o tempo e tranca o território. Delfina, Jacinta e outras que vieram e virão se encontram na terra onde branco e negros não são iguais, nem serão; onde homens e mulheres não são iguais, nem serão. Aos pés do montes, elas recolhem lágrimas, curam traumas, superam violências e perpetuam o que sabem fazer e dizer. Como as perdizes, que fazem seus ninhos no solo, essas mulheres moçambicanas marcam sua terra e se marcam por ela. Enquanto cuidam, fazem o mundo girar. O Alegre Canto da Perdiz, de Paulina Chiziane, é o tema deste quinto episódio, em que a jornalista Gabriela Mayer, apresentadora do Põe na Estante, recebe a jornalista e escritora Mylene Parisi e a doutoranda em computação Soraya Roberta, autora do perfil Poesia Compilada, em que mistura poesia e algoritmos.

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Uma guerra civil que levou a um genocídio. Hutus contra tutsis. 800 mil mortos. Entre eles, os pais e outros parentes de Scholastique Mukasonga, escritora que honra seus mortos com as palavras. Aqui, o centro é dado à sua mãe, Stefania, mulher que lidera, que organiza, que protege e que resiste em uma Ruanda tomada pelo conflito. As mulheres que se reúnem para as trocas sociais e para os rituais também articulam o cuidado aos filhos, planejam a fuga, pensam caminhos. Memórias que reconstroem uma comunidade, que narram uma rotina e uma quebra de rotina. Relatos do passado que misturam o banal e o brutal, o trivial e o excepcional. A Mulher de Pés Descalços, de Scholastique Mukasonga, é tema do quarto episódio dessa temporada do Põe na Estante. Para esta conversa, a jornalista Gabriela Mayer, mediadora do Põe na Estante, convida o jornalista Pedro Belo e a professora, escritora e pesquisadora de literatura Maria Carolina Casati, autora do perfil @encruzilinhas no Instagram.

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A infância como um lugar colorido, saboroso, cheiroso e, às vezes, melancólico. Os contos que o angolano Ondjaki reúne são as peças que formam a experiência de criança que o autor viveu. Os vizinhos são quase a família, a família é quase ele mesmo. Uma comunidade que se cria em torno da escola, da rua, das brincadeiras, dos eventos políticos, das viagens para visitar os parentes, das telenovelas brasileiras, das descobertas. Histórias que entregam nostalgia, risos altos e o frescor do olhar de quem ainda não se acostumou com o mundo. Os da Minha Rua, livro de contos de Ondjaki, é tema do segundo episódio desta temporada Leia África. Para essa conversa, a jornalista Gabriela Mayer, apresentadora e mediadora do Põe na Estante, recebe a escritora Fabiane Guimarães, autora de Apague a Luz se for Chorar, e o jornalista Renan Sukevicius.

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Há destinos que parecem incontornáveis. Onde você nasce, que cor de pele você tem, qual é o seu gênero, onde você vive... Tudo isso pode definir o seu status, a sua classe, as portas que se abrem e que se fecham. Adah é guiada pelo desejo de estudar, de conhecer, de ler e, depois, de escrever, de narrar. Mas é uma mulher em um país em que as mulheres valem pelo dote e pela fertilidade. Em que precisam de autorização e consentimento. A Inglaterra é sua meta, sem saber que a imigração é uma jornada à parte, que agrega camadas de dificuldade, quando as coisas já não são lá muito fáceis. Cidadã de Segunda Classe, de Buchi Emecheta, é tema do episódio de estreia da temporada Leia África. A mediadora, Gabriela Mayer, recebe a jornalista Inês de Castro e a crítica literária Tamy Ghannam para essa conversa.

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Quem não quer uma boa companhia? Klara é como eu, como você. Na verdade, um pouco mais jovem que eu. É uma menina. Que anda, que fala, que ri, que acompanha o movimento do sol. Klara é uma menina-robô. Uma AA, diz o rótulo, uma amiga artificial. E é isso que ela quer: ser amiga de alguém, ser escolhida para ser amiga. O encontro com Josie é uma promessa de relação e uma oportunidade de aprendizado. A convivência com os humanos ensina sobre o cenho franzido, os olhos marejados, os punhos cerrados, os dentes à mostra... Nuances que a programação não alcançou, Klara busca na observação. As emoções, que Klara reproduz e nomeia, são emuladas. Mas e nós? Emulamos ou sentimos? Klara e o Sol, de Kazuo Ishiguro, é tema deste quinto episódio do Põe na Estante, que recebe os jornalistas Cynthia Martins e Eduardo Frumento como convidados. 

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Os caminhos as vezes entortam e a gente para na curva. Mas depois o fluxo segue e a gente aprende a percorrer os novos trajetos. Tsukuru Tazaki achou que a vida seguiria por um rumo, mas foi surpreendido pela rejeição do grupo de amigos do ensino médio. O vínculo íntimo e profundo que os cinco compartilhavam enquanto viviam em Nagoia se desfez de repente e sem explicações. Em Tóquio, onde foi fazer faculdade, Tsukuru, o único dos cinco a não carregar no nome uma cor, escondeu a ferida com um tampão e passou sem 16 anos sem fazer perguntas sobre o passado, ainda que as histórias o acompanhassem diuturnamente. Mas não há tampão que dure para sempre. Uma hora a cola acaba, o tampão desprega e a ferida está lá, semi-aberta. As buscas internas são também as missões de um peregrino. O Incolor Tsukuru Tazaki e Seus Anos de Peregrinação, de Haruki Murakami, é o tema do episódio de estreia da sexta temporada do Põe na Estante, que vai ser uma viagem pelo Japão. Para esta conversa, a jornalista Gabriela Mayer, apresentadora do podcast, recebe os jornalistas Victoria Mantoan, fundadora da Livraria do Brooklin, e Tomás Chiaverini, idealizador e apresentador do podcast Rádio Escafandro.

Este é um podcast apresentado por B9 e produzido por Rádio Guarda-chuva.

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Trilha: Getz me to Brazil, Doug Maxwell

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Quer mais realismo do que morrer? Tá, tudo bem que um defunto que conta uma história não é, assim, algo tão fidedigno. Mas vá lá. Uma vida que termina em morte é, digamos, sem erro. E esta é exatamente assim. Na verdade, ela começa em morte. A vida não, a obra. Porque Brás Cubas não só dedica este livro ao primeiro verme que roeu sua fria carne, como inicia a contar dizendo logo que está mortinho da silva. Primeiro vem a morte, depois é que vem a vida. O narrador rebobina para contar sua autobiografia. Um homem que viveu no século XIX, que foi um menino travesso, pra dizer o mínimo - talvez cruel, que foi um jovem pressionado pelo pai a entrar na vida política, que teve um amor proibido e amigos influentes. E que teve um sonho. Um sonho megalomaníaco. Almejou a cura da humanidade, um emplasto salvador, um resgate da nossa melancolia – e que, de quebra, entregaria à glória a este narrador. Memórias Póstumas de Brás Cubas é tema deste sétimo e penúltimo episódio da temporada, em que a jornalista Gabriela Mayer recebe o jornalista Tiago Rogero e Luana Werb, autora do canal Abstração Coletiva, no Youtube, e uma das apresentadores do podcast O Nome do Livro.

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Um dia na vida da aristocrática Clarissa Dalloway. Que vai dar uma festa. Ela é uma senhora da alta sociedade. Ela sabe organizar uma recepção. Ela tem um marido e uma filha. Clarissa sai para comprar flores. Ela prepara a casa. Ela orienta as empregadas. Ela passeia por Londres. Mas a cidade e seus personagens são só a moldura do que se passa dentro de Clarissa. Ela pensa, reflete, sente, reflete, conta, reflete, lembra, reflete... Um fluxo de consciência denso, difícil e pesado, como os anos do entreguerra, quando essa história acontece. O passado é violento e o futuro é incerto. O presente é um amontoado de consequências do que passou. Por vezes é delírio, por vezes é monotonia. Mrs Dalloway, de Virginia Woolf, é tema do sexto episódio da temporada Leia Clássicos. Nesta conversa, a apresentadora Gabriela Mayer recebe a jornalista Joana Suarez e o escritor Ricardo Terto. 

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A Trança, de Laetitia Colombani - amzn.to/3jatiow

Pense em três mechas que se cruzam. Ora distantes, ora unidas, em contato, elas formam um caminho único. As mechas não são idênticas: tem aquela que fica mais curta e sobra um pouquinho antes, ou aquela que fica mais volumosa e puxa a trança mais para um lado. Mas os pontos de contato permitem o entendimento dessa união. Assim funciona também com Smita, Sarah e Giulia, as três mulheres que vamos conhecer. Uma dalit, uma casta intocável na Índia; uma renomada advogada canadense; e uma jovem italiana que quer levar adiante o tradicional negócio de família. Elas não se conhecem. Elas não sabem da existência uma da outra. Mas estão, as três, vivendo casais que dialogam. Smita pela própria liberdade e pelo futuro da filha. Sarah pelo direito de ter vulnerabilidades. Giulia pela independência financeira da família sem abrir mão das memórias. O que elas têm em comum? São mulheres. Em um mundo que diz o que as mulheres devem ou não fazer, aonde podem ou não ir, ou que devem ou não desejar. A Trança, da francesa Laetitia Colombani, é tema deste episódio bônus do Põe na Estante, em que uma apresentadora Gabriela Mayer recebe os jornalistas Wilson Saiki e Milena Teixeira.

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