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    Angela Alonso: País perdeu chance de isolar direita autoritária em 2013

    pt-BRMay 27, 2023
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    Não basta olhar as Jornadas de Junho de 2013 como a origem de sucessivas crises políticas que o Brasil viveu depois delas. Para entender os protestos que explodiram dez anos atrás, é preciso avaliá-los como uma consequência —e analisar as causas que levaram à sua eclosão.

    É essa a espinha dorsal do novo livro de Angela Alonso, professora de sociologia de USP e pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), que também é colunista Folha.

    Alonso é a convidada do Ilustríssima Conversa deste sábado (27).

    Em "Treze - A Política de Rua de Lula a Dilma" (Companhia das Letras), ela analisa as transformações que a chegada do PT ao poder provocou na política de rua, com movimentos à esquerda e à direita começando a articular uma crítica ao governo.

    Alonso mapeia os grupos que passaram a se organizar e também os principais conflitos que se desenrolavam na sociedade brasileira desde o começo das gestões petistas, de pautas econômicas a questões morais.

    A socióloga sustenta que o governo de Dilma Rousseff e analistas políticos falharam em identificar os movimentos de direita nas ruas e reconhecê-los como atores políticos legítimos. Essa dificuldade impediu que esses grupos fossem levados à mesa de negociação e tivessem suas demandas ouvidas

    "Como a interpretação dominante é que eram protestos à esquerda, a resposta governamental também foi à esquerda", afirma ela. "Se esses movimentos tivessem sido ouvidos, teria havido a possibilidade de trazer os mais liberais ou conservadores democráticos para o jogo político-institucional de maneira mais efetiva, em vez de ficarem misturados aos movimentos autoritários, que eram minoria. Há ali uma chance perdida de isolar a parte autoritária da rua."

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    Mauricio Stycer: Como Gilberto Braga mudou as novelas no Brasil

    Mauricio Stycer: Como Gilberto Braga mudou as novelas no Brasil

    Poucos nomes marcaram tanto a telenovela no Brasil quanto Gilberto Braga. Nas quatro décadas em que escreveu para a TV, criou grandes sucessos, abordou temas que se tornaram discussões nacionais e cativou intelectuais como nenhum outro colega de profissão. Também trouxe uma sensibilidade diferente para o gênero, com um olhar mais sofisticado para o mundo dos ricos e das classes médias.

    A trajetória do escritor é tema da biografia "Gilberto Braga: O Balzac da Globo" (ed. Intrínseca), escrita por Mauricio Stycer. "A obra dele tinha características que permitiam fazer essa alusão a Balzac", comenta o biógrafo, jornalista especializado em TV e colunista da Folha.

    Na entrevista ao Ilustríssima Conversa, Stycer fala sobre essa trajetória e como Gilberto Braga e outros autores fizeram da novela o grande produto audiovisual brasileiro.

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    Ilustríssima Conversa
    pt-BRMarch 02, 2024

    Noemi Jaffe: Literatura precisa perturbar o leitor

    Noemi Jaffe: Literatura precisa perturbar o leitor

    A escritora Noemi Jaffe se inspirou em sua experiência como professora de escrita de ficção para compor seu mais recente livro, "Escrita em Movimento: Sete Princípios do Fazer Literário".

    Noemi encara a escrita como um longo processo de aprendizagem que nunca tem fim, por mais consagrado que seja um autor. E a autora também não acredita em regra rígidas ou fórmulas engessadas para a criação.

    No lugar disso, Noemi apresenta sete princípios que, a seu ver, são comuns aos bons textos literários: palavras, simplicidade, consciência narrativa, originalidade, estranhamento, detalhes e experimentação.

    Neste episódio, ela comenta desde questões mais práticas a outras mais literárias e teóricas. "Tem muito esse pensamento de que a arte deve distrair, e eu acho contrário. Acho que a arte precisa contrair, sei lá, deixar a pessoa mais incomodada, deixar a pessoa perturbada. Grande parte da boa literatura é sobre coisas ruins mesmo, sobre coisas difíceis de enfrentar" reflete.

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    Ilustríssima Conversa
    pt-BRFebruary 17, 2024

    Guilherme Varella: Carnaval de rua não é bagunça, é direito constitucional

    Guilherme Varella: Carnaval de rua não é bagunça, é direito constitucional

    O Carnaval de rua de São Paulo, cidade tantas vezes chamada de túmulo do samba, despertou nos últimos dez anos. Antes acanhada, a festa viu o número de blocos e foliões se multiplicar —e o interesse de patrocinadores aumentou, como também cresceram os conflitos com moradores e episódios de repressão policial.

    Guilherme Varella foi um dos coordenadores da política para o Carnaval de rua de São Paulo desenhada a partir de 2013, na gestão Fernando Haddad (PT). Em sua tese de doutorado, agora publicada em livro, ele analisa as balizas, as disputas e os resultados dessa política pública.

    Hoje professor da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Varella propõe em "Direito à Folia" que a ocupação de ruas e espaços públicos por blocos é um direito constitucional, que deve ser viabilizado pelo Estado, não domesticado ou reprimido.

    Neste episódio, ele fala sobre os significados históricos e políticos do Carnaval de rua e discute algumas das tensões que cercam essa manifestação cultural, como o crescimento dos megablocos e as ameaças representadas pela "ambevização", do seu ponto de vista, à preservação do espírito transgressor do Carnaval.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    Ilustríssima Conversa
    pt-BRFebruary 03, 2024

    Christian Dunker: Psicanálise deve descer do pedestal para dialogar com críticos

    Christian Dunker: Psicanálise deve descer do pedestal para dialogar com críticos

    No ano passado, houve uma reação intensa ao enquadramento da psicanálise como pseudociência em "Que Bobagem!", livro de Natalia Pasternak e Carlos Orsi.

    A contenda motivou Christian Dunker, professor da USP, e Gilson Iannini, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a escrever o livro-resposta "Ciência Pouca É Bobagem: Por Que a Psicanálise Não É Pseudociência", publicado em dezembro.

    O trabalho parte das críticas à psicanálise que vieram à tona para discutir, de forma mais ampla, a cientificidade e a eficácia do campo psicanalítico.

    Dunker e Iannini investem em três frentes para se contrapor à conceituação da psicanálise como pseudociência. Os autores apresentam evidências para sustentar que a psicanálise tem resultados clínicos, afirmam que uma crença estreita no cientificismo guia parte dos críticos e defendem que as bobagens, vistas como expressões sem significado em outras áreas do conhecimento, são essenciais na escuta psicanalítica.

    Dunker, convidado deste episódio, não faz, por outro lado, uma defesa cega de seus colegas: em sua avaliação, psicanalistas brasileiros se acostumaram a habitar um condomínio elitista, se recusam a dialogar com profissionais de outros campos e justificar suas práticas e precisam descer do pedestal para enfrentar a transformação que a psicanálise deve sofrer nos próximos anos.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    Ilustríssima Conversa
    pt-BRJanuary 20, 2024

    Rodrigo Nunes: Política pode ser vista como ecologia

    Rodrigo Nunes: Política pode ser vista como ecologia

    Rodrigo Nunes, professor da Universidade de Essex, no Reino Unido, se debruça em seu livro mais recente sobre os grandes dilemas da organização política, que tem oscilado, nas últimas décadas, entre perspectivas mais verticais ou mais horizontais, mais ou menos centralizadas, mais hierarquizadas ou mais autonomistas.

    Em "Nem Vertical Nem Horizontal", o autor defende que não faz sentido pensar em uma forma ideal de mobilização política: as dinâmicas de organização são contingentes historicamente e, para Nunes, a transformação social depende da articulação de atores políticos com escalas de ação, estratégias e objetivos diversos, muitas vezes conflitivos.

    Neste episódio, o pesquisador discute as linhas gerais do argumento da obra, publicada originalmente em 2021, como a ideia de que a organização está em toda parte e que a política pode ser entendida como uma ecologia —uma trama que faz com que todos os sujeitos políticos sejam interdependentes e que nenhum deles consiga olhar a realidade social de fora dela.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    Ilustríssima Conversa
    pt-BRDecember 09, 2023

    Autora fala de livro sobre Mengele, nazista que se escondeu no Brasil

    Autora fala de livro sobre Mengele, nazista que se escondeu no Brasil

    Josef Mengele, médico que torturou e matou milhares de pessoas em Auschwitz, levou uma vida pacata no Brasil nos anos 1960 e 1970.

    Depois da queda de Hitler, Mengele se instalou na Argentina de Perón, fugiu em seguida para o Paraguai e, por fim, chegou ao Brasil, onde contou com uma rede de amigos leais para protegê-lo e alguns golpes de sorte que evitaram que fosse capturado.

    Sua identidade foi preservada mesmo depois da sua morte. Mengele se afogou em uma praia em Bertioga em 1979 e foi enterrado com um nome falso em Embu das Artes. A história do fugitivo nazista no Brasil só foi descoberta seis anos depois, causando furor no país e no exterior.

    Betina Anton, jornalista da Globo e autora de "Baviera Tropical", tinha seis anos quando a sua professora não apareceu mais na escola. Anton descobriu, anos depois, que ela havia sido uma das responsáveis por dar guarida a Mengele, e desse entrecruzamento surgiu a ideia de esquadrinhar os anos do médico nazista no Brasil.

    Neste episódio, a autora fala sobre as fontes de pesquisa de seu livro, os experimentos de Mengele com prisioneiros do campo de concentração e os riscos da extrema direita e de ideologias racistas, que ainda persistem.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Laila Mouallem

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    Ilustríssima Conversa
    pt-BRNovember 25, 2023

    Marcelo Medeiros: Desigualdade de gênero e raça vai muito além de questão identitária

    Marcelo Medeiros: Desigualdade de gênero e raça vai muito além de questão identitária

    Marcelo Medeiros, professor visitante na Universidade Columbia, em Nova York, defende que toda política deve ser uma política de combate à desigualdade.

    Em "Os Ricos e os Pobres", o pesquisador expõe alguns contornos da gigantesca concentração de renda do Brasil: os 5% mais ricos da população se apropriam de metade do crescimento econômico do país, enquanto as pessoas entre os 50% mais pobres vivem com menos de R$ 30 por dia.

    No livro, o economista e sociólogo também aponta que os 80% mais pobres da população brasileira compõem um universo relativamente igualitário, enquanto o grupo dos mais ricos é muito heterogêneo, com grandes variações de renda.

    Neste episódio, Medeiros diz que não existe panaceia para reduzir os níveis de desigualdade no Brasil. Em sua avaliação, esse processo, de longo prazo, requer uma mobilização política de envergadura e vai esbarrar em resistências de grupos organizados.

    O pesquisador também discute a sobreposição de desigualdades de gênero, raça e renda no Brasil e afirma que tratar a discriminação de negros e mulheres no mercado de trabalho a partir da noção de política identitária é uma bobagem.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Laila Mouallem

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    Ilustríssima Conversa
    pt-BRNovember 11, 2023

    Larissa Bombardi: Agrotóxicos criam colonialismo que chega às células

    Larissa Bombardi: Agrotóxicos criam colonialismo que chega às células

    A agricultura deixou de ser um sinônimo de produção de alimentos há algumas décadas, desde que corporações globais passaram a dominar o setor, diz a professora da USP Larissa Bombardi.

    Para a pesquisadora, a massificação do uso de agrotóxicos cria um novo tipo de violência, agora por meio de moléculas que alcançam as células de humanos e outros animais e provocam danos à saúde e ao meio ambiente.

    Em "Agrotóxicos e Colonialismo Químico", Bombardi discute o duplo padrão de países europeus, que permitem a exportação de agrotóxicos banidos em seus territórios, o que, para ela, molda uma geografia do abismo, permitindo que empresas químicas da Europa faturem bilhões com a venda de seus produtos para países periféricos.

    Neste episódio, a geógrafa afirma que as mulheres estão entre as mais afetadas pelo uso de agrotóxicos e, ao mesmo tempo, são protagonistas em movimentos de denúncia desse modelo de produção e em experiências de agroecologia.

    Bombardi também falou sobre a liberação de agrotóxicos durante o governo Bolsonaro (PL) e das intimidações que a fizeram deixar o Brasil.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    Ilustríssima Conversa
    pt-BROctober 21, 2023

    Flavia Rios: STF branco reflete racismo estrutural do Brasil

    Flavia Rios: STF branco reflete racismo estrutural do Brasil

    Branquitude, democracia racial, interseccionalidade, mestiçagem, raça —os termos usados no debate étnico-racial são complexos, têm histórias longas e podem ser objeto de interpretações disputadas.

    Para ajudar leitores interessados a navegar por esse universo, Flavia Rios, Marcio André dos Santos e Alex Ratts organizaram o recém-publicado "Dicionário das Relações Étnico-raciais Contemporâneas".

    O livro tem 55 verbetes, escritos por mais de 70 especialistas, que dão uma visão geral da trajetória acadêmica de cada expressão, seus principais autores e as críticas mais comuns que recebem.

    Convidada deste episódio, Rios discute o conceito de identidade, um dos termos mais controversos do debate atual, e diz estar convencida que o racismo pode ser entendido como estrutural no Brasil —em contraposição à interpretação de Muniz Sodré— e que a composição majoritariamente branca do STF é um sintoma desse fenômeno.

    Para ela, Lula erra ao criar obstáculos à indicação de uma mulher negra à corte e perde a chance de acompanhar o debate global sobre a representação de grupos radicalizados em instâncias de poder.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    Ilustríssima Conversa
    pt-BRSeptember 30, 2023
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