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    Cafezinho

    Uma pausa para o café com média de 2 minutos e meio de Iscas Intelectuais sobre comportamento, sociedade, política, economia, educação… tudo aquilo que envolve a complexidade de ser humano.

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    Cafezinho 614 - Abismo cultural

    Cafezinho 614 - Abismo cultural

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    Em 2018 estive nos Estados Unidos participando da Winter Conference da National Speakers Association, sobre o futuro das palestras. Assisti dezenas de apresentações, ávido para compreender a visão de futuro que os norte-americanos têm do segmento no qual atuo. Os Estados Unidos estão 10, 20 anos à frente do Brasil no segmento das palestras. São mais organizados, mais comprometidos, mais antenados. E lá pelo meio do evento, ficou claro para mim que as dificuldades que separam o Brasil dos Estados Unidos nesse segmento, não são técnicas, não são formais. Nós temos as mesmas tecnologias que eles, contamos histórias até melhor que muitos deles, somos mais verdadeiros no palco, sabemos como combinar emoção com conteúdo igual ou até melhor que eles. Mas o fosso cultural que nos separa é quase intransponível. Esse fosso não é uma questão de educação formal. Em muitos momentos me vi viajando em meio à discussão, que falavam de proposta de valor, discutiam detalhes de como incorporar mais conteúdo, como criar momentos excepcionais, como entregar mais valor. E quando os clientes, os contratadores de palestras se apresentaram, deixaram claro o que buscavam: profissionais capazes não só de informar, educar e entreter audiências, mas de levar o evento do contratador para suas próprias audiências, de combinar mídias sociais próprias com o evento… eles querem muito mais que uma palestra. Eu ouvindo aquilo tudo e comparando com o Brasil, cara. O que é que a gente discute aqui, hein? Bom. É preço, né?
    Vendemos e contratamos palestras pelo preço. E só pagamos o preço alto se o palestrante for uma celebridade… Conteúdo? Ah, se for uma celebridade isso nem importa! Em nenhum, eu repito, NENHUM segundo daquele evento de três dias o assunto “preço de palestras” foi mencionado.
    Aí eu vou alugar um carro e a relação com a empresa está anos luz à frente da nossa relação aqui no Brasil. Vou fechar a conta no hotel. O que eu disse que eu consumi no quarto é o que vale, eles não mandam a camareira verificar. Vou no Museu. Segunda feira. Lotado de estudantes, jovens estudantes. Fui em três museus e vi o mesmo. Um deles, o Museu do Holocausto, numa cidade chamada Richmond, na Virgínia, que tem cerca de 230 mil habitantes. Eu não sei se o Brasil tem quatro museus que possam se comparar àquele da pequena cidade. Construído e mantido por sobreviventes dos Campos de Concentração, que doaram tempo e dinheiro para aquela sociedade.
    Você percebe a diferença?
    Sim, eu sei que existem problemas nos Estados Unidos, sim eu encontrei miseráveis, os sem teto pedindo esmolas nas ruas de Baltimore, sim, aquilo não é um paraíso, sim, sim, eu sei… Mas se é só isso que você consegue compreender de tudo que estou dizendo aqui, por favor comece de novo. Dispa-se de sua mistura de inveja com frustração e ódio. Pratique a empatia positiva com os norte-americanos. Transforme essa sua dor de cotovelo em curiosidade, meu… o que é que aqueles caras fazem de tão bom que a gente deveria copiar?
    Aquela sociedade sabe o que quer. Define regras. E cumpre. E os indivíduos que a compõem sabem disso. Quem quebra regras sabe que sofrerá consequências.
    Cara, como é óbvio isso...

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    Cafezinho 613 - Baixe a bola? Eu não!

    Cafezinho 613 - Baixe a bola? Eu não!

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    Pô, Luciano, nessa idade você já devia ter baixado a bola, não? É mais ou menos como “fulana, você está muto bonita para essa idade.” Como se beleza, criatividade e energia fossem exclusivas dos jovens. Envelheceu, fica feio, sem ideias e, de acordo com alguns aí, burro. Bem, já que beleza não é o meu forte, vamos de criatividade. 

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    Cafezinho 611 - O funk no busão

    Cafezinho 611 - O funk no busão

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    Não é difícil comprovar que as pessoas, em geral, estão cada vez mais hostis aos princípios da liberdade.  Elas estão cada vez mais facilmente ofendidas, e, com isso, querem cercear a liberdade alheia.  Elas querem liberdade apenas para elas próprias.  Já eu quero bem mais do que isso, diz Walter Williams.  Quero liberdade para mim e para meus semelhantes.

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    Cafezinho 609 - Não passe pela vida em branco

    Cafezinho 609 - Não passe pela vida em branco

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    Não sei como é com você, mas eu tenho uma preocupação constante com o depois que eu me for. Com o que eu deixarei para as pessoas que eu amo. Deixar algum conforto material para meus filhos é, ao menos para mim, uma medida do sucesso com que conduzi a vida. Se eu não fizer nenhum desastre, essa parte está meio resolvida. Não deixarei ninguém rico, mas vou dar uma ajuda. O outro lado é a herança imaterial. Os valores morais. O que eu considero realmente o legado.

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    Cafezinho 608 - Ignorância é poder

    Cafezinho 608 - Ignorância é poder

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    Robert Proctor, historiador da ciência da Universidade de Stanford, começou a se aprofundar nas práticas das empresas de tabaco, que gastaram bilhões obscurecendo o conhecimento sobre os efeitos do tabagismo na saúde dos fumantes. Essa busca levou Proctor a criar uma palavra para o estudo da propagação deliberada da ignorância: agnotologia.
    Agnotologia vem de “agnosis”, a palavra grega neoclássica para ignorância ou "não saber", e “ontologia”, o ramo da metafísica que trata da natureza do ser.

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    Cafezinho 607 - Fabrica de Otarios

    Cafezinho 607 - Fabrica de Otarios

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    No início de suas carreiras, Daniel Khanenman e Amos Tversky trabalharam em diferentes ramos da psicologia: Kahneman estudou a visão, enquanto Tversky estudou a tomada de decisão. Em seus estudos, eles mostraram que, em ambos os domínios, os seres humanos dificilmente se comportam como se fossem estatísticos treinados ou intuitivos. Em vez disso, seus julgamentos e decisões se desviam dos modelos econômicos idealizados. As coisas não são como são, mas como as pessoas acham que são.

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    Cafezinho 606 - Broken Windows

    Cafezinho 606 - Broken Windows

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    Quem me acompanha conhece o conceito do Broken Windows (Janelas Quebradas), que apresentei no Cafezinho 68. Pequenos desleixos levam a desleixos maiores. Pequenos crimes levam a crimes maiores. Pequenas sacanagens levam a sacanagens maiores. Faz parte do espírito humano.
    Deixei o título em inglês por causa do “Windows”, que logo nos remete à internet. Quero falar das janelas quebradas da internet

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    Cafezinho 605 - Educassão nasional

    Cafezinho 605 - Educassão nasional

    Link para a análise do De Olho No Material Escolar: https://cafebrasilpremium.com.br/app/e-books/relatorio-analitico-conae-2024

    O PNE - Plano Nacional de Educação, vai definir o caminho para a educação nos próximos dez anos. E a seguir como está, teremos o aprofundamento do fosso educacional.
    Temas para debate como a universalização do acesso à educação, evasão escolar, ensino técnico, utilização de recursos públicos e qualidade dos conteúdos educacionais, com medição dos índices a partir de padrões internacionais podem ser deixados em segundo plano em favor de pautas ideológicas.
    É preciso ficar de olho. 

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    Cafezinho 604 - Não desista!

    Cafezinho 604 - Não desista!

    “O que cria um influencer é a quantidade de idioters” é a frase de uma das mais novas camisetas da loja Café Brasil. O quer dizer isso? Que um youtuber falando merda para 2 milhões de seguidores, só sobrevive porque tem 2 milhões dando-lhe ouvidos. A culpa não é do Youtuber, que está entregando aquilo que seu público quer. E o mesmo vale para a música, literatura, cinema, jornalismo...

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    Cafezinho 603 - O ignorante

    Cafezinho 603 - O ignorante

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    A ignorância é geralmente vista como algo negativo, mas existem situações em que ela pode ter vantagens. Por exemplo, evitar o estresse e a ansiedade quando conhecemos certas informações. Se uma pessoa é ignorante sobre um problema global complexo, ela pode não se preocupar com isso e levar a uma vida mais tranquila e despreocupada.

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    Cafezinho
    pt-BRDecember 22, 2023

    Cafezinho 602 - Cinco por cento

    Cafezinho 602 - Cinco por cento

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    Há uma minoria capaz de resistir, e todos os grandes movimentos sempre começaram com uma minoria que não desistiu. O que podemos fazer? Nos juntarmos a essas minorias e montar nossa resistência. Sim, o inimigo está mais forte, tem gente defendendo terrorista abertamente, tem gente defendendo, elegendo e comemorando o sucesso de bandidos, tem gente namorando a ideia de genocídio de Judeus, tem gente sapateando sobre a Constituição, tem gente usando a Justiça como ferramenta de poder, e assim vai. Sem resistência, os planos dessa gente são implementados com facilidade. 

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    Cafezinho 601 - Os ladrõezinhos

    Cafezinho 601 - Os ladrõezinhos

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    Acabo de ler um post no Linkedin dando conta de que todo mundo no mundo do SEO no Twitter estava falando sobre algo interessante:

    Uma empresa deu um jeito de roubar uma quantidade enorme de tráfego dos seus concorrentes, tipo 3.6 milhões de visitas!

    A empresa pegou uma lista de sites dos concorrentes, botou numa IA que cria textos e gerou 1.800 artigos. Aí eles postaram esses 1.800 textos sem editar nada, e rapidinho começaram a aparecer nos primeiros lugares no Google, roubando os cliques que eram dos concorrentes.

    Muita gente ficou meio chateada ou preocupada com o rumo que essa estratégia pode tomar se outras empresas começarem a fazer a mesma coisa em grande escala. Os comentários iam desde "Isso não é meio errado?" até "Outro maluco bagunçando a internet".

    A pessoa que fez o post disse assim: “Foi então que percebi que, apesar de parecer ser uma estratégia que pode gerar resultados de curto-médio prazo, um fator que não foi levado em consideração foi o próprio Google.

    O Google está (como sempre esteve) evoluindo diariamente justamente para evitar que esse tipo de conteúdo "vazio" tenha força no seu algoritmo.

    Anos atrás, as pessoas postavam conteúdos rasos e escondiam palavras-chave no artigo (escritas em branco, no fundo branco), para que o algoritmo o rankeasse bem. Isso funcionou por um pequeno período, até o Google perceber e começar a penalizar. (...) E, trabalhando com SEO há quase 10 anos, tenho a certeza de que rapidinho o Google vai começar a penalizar este tipo de conteúdo.”

    Os formatos de "conteúdo que funciona" podem mudar com o tempo, mas uma coisa continua a mesma: o conteúdo tem que ser bom.

    Eu não resisti e coloquei um comentário assim lá no post:

    “Considero que isso não tem nada a ver com conteúdo de qualidade. Estão reduzindo uma questão moral e ética fundamental a uma questão técnica, como se o fundamental, não fosse o "roubar tráfego". A internet está repleta de gente ensinando como se apropriar do trabalho dos outros, como roubar cadastros, como "modelar" vídeos de terceiros e assim vai. Com a Inteligência Artificial isso ficará mais fácil. Não existe mais barreira moral, vale tudo desde que você não seja pego. E esses ladrõezinhos ganham prêmios de "Best Isso", "Best aquilo", são convidados para apresentar seu "modelo de negócios" em eventos do mundo digital. Tudo bem, se me convém.

    A resposta está em Platão, Aristóteles, Sêneca, não no Google.

     

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    Cafezinho 600 – Falando merda

    Cafezinho 600 – Falando merda

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    Cara, 600 episódios do Cafezinho! O primeiro foi publicado em quatro de setembro de 2017. E o texto dele era assim:

    O que é que leva alguém a falar bobagem em público? Em primeiro lugar vem a ignorância. O sujeito desconhece o assunto, abre a bocarra e dá sua opinião superficial. É na praia da ignorância que nadam dezenas de influenciadores digitais.

    A burrice é outro ponto. O burro tem certeza de que sabe o que não sabe. E, pior, não aprende! Como dizia Nelson Rodrigues: A ignorância é o desconhecimento dos fatos e das possibilidades. A burrice é uma força da natureza.

    O outro ponto é a soberba, a manifestação de superioridade sobre outras pessoas, que tem a ver com orgulho, pretensão, arrogância, altivez e autoconfiança exagerada. Nesta praia, a da soberba, também nadam muitos influenciadores digitais, mas mais ainda muitas personalidades da mídia.

    E tem o estratégico, que fala bobagem intencionalmente. O comentarista Milton Neves, por exemplo. Ele faz questão de falar bobagem sobre times e torcidas, para agitar os ânimos e ganhar audiência. E consegue! Sabe outro magistral falador de bobagem? Donald Trump…

    Por fim, a canalhice. O sujeito sabe que o que está falando é bobagem, e fala mesmo assim, na intenção de obter algum resultado. Esses são os piores, pois não têm a ingenuidade da ignorância ou da soberba, nem a intenção puramente pragmática do estratégico. São canalhas, querem vantagem para si e os outros que se explodam. E é complicado lidar com eles. A má fé e a canalhice fazem parte da arte de falar bobagem.

    A arte de falar bobagem envolve ou ignorância, ou burrice, ou soberba, ou estratégia ou canalhice. Da próxima vez que você se deparar com alguém falando bobagem, tente enquadrá-lo numa dessas categorias.

    Ficará mais fácil evitar que seu ouvido vire penico.

    Pois bem, 600 cafezinhos depois, não tenho medo de dizer: aumentou exponencialmente a quantidade de gente falando merda. E aumentou mais ainda a quantidade de gente seguindo gente que fala merda.

    Quer saber? Ambos se merecem.

    Obrigado a você que tem prestigiado meu cafezinho. Aqui é um esforço diário para não falar merda. Não porque eu seja melhor que os outros. É porque eu respeito profundamente a sua inteligência.

     

    https://youtu.be/LLB0bFZO_aQ

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    Cafezinho 599 – O elefante na sala

    Cafezinho 599 – O elefante na sala

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    Notícia no Estadão diz que a Magalu reconhece em balanço um rombo de 830 milhões de reais após denúncia anônima. Uma empresa campeã do “compliance”, agarrada no tal ESG, queridinha da bolsa e capa de revistas precisa de uma denúncia anônima para descobrir um rombo de quase um bilhão?

    Dez anos atrás fui fazer a palestra Tudo Bem Se Me Convém, sobre moral e ética, num evento de uma badaladíssima empresa brasileira. Era lançamento do Código de Conduta. Mais de 80 páginas, montado num fichário. Coisa finíssima. Assisti diretores discursando sobre os processos rígidos e como a empresa não aceitaria quem agisse fora dos padrões. Uma beleza. Fui embora satisfeito.

    Algumas semanas depois, aqueles diretores caíam na Operação Lava Jato, acusados de desvios bilionários.

    Agora Lojas Americanas e Magalu. De que servem as áreas de compliance, os códigos de conduta, todo o discurso de ESG, ou seja lá qual for o novo modismo?

    São fantasias. Maquiagens. Servem para mostrar como as empresas são legais e corretas. São como fachadas bonitas, que não representam o que existe dentro da empresa.

    As narrativas ganharam o protagonismo. Não é mais o que você é, mas o que você parece ser.

    -Ah, Luciano, sempre foi assim.

    Sim, sempre foi assim, mas a aparência não se sustentava. Ou você era bom – e provava que era bom – ou não se estabelecia. Não adiantava o blábláblá. Quantos castelos de cartas vimos caindo? Empresas sustentadas pelo discurso e o marketing de seus executivos? No primeiro sopro, caiu tudo.

    Mas agora não é assim. O discurso e o marketing estão em outro patamar, sofisticados a ponto de anular a capacidade crítica das pessoas. Embalados por siglas pomposas, que dão a ideia de que, se você adotar – ou parecer que adota – certos processos, está tudo resolvido.

    Aí o sujeito aparece na tv com focinho de cão, rabo de cão, pernas de cão, latindo como cão, diz que é gato e a turma acredita. E ai de quem disser que ele não é gato.

    Pulverizaram as responsabilidades, e isso é mortífero para empresas, governos e nações.

    Quando ninguém mais é responsabilizado, é isso aí. Precisa de uma denúncia anônima para perceber que tem um elefante na sala.

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    Cafezinho 598 – Modelagem é roubo

    Cafezinho 598 – Modelagem é roubo

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    Link para a versão do Youtube: https://youtu.be/wbEK9Y45O_Q

    Recentemente, assistindo a uns vídeos de Youtubers me deparei com a “estratégia de modelagem” que os jovens dinâmicos ensinam como forma de ganhar dinheiro no Youtube. “Modelar” é achar um vídeo, adaptar e publicar. Na cabeça dessa rapaziada, adaptar é “substituir algumas palavras”, “aplicar umas imagens extras”, “recortar e editar trechos”, “fazer a locução com sua voz”. Os caras ensinam como encontrar canais gringos para “modelar”, como usar “máscaras de edição de vídeos” para evitar problemas com direitos autorais...

    Resumindo: “Vá lá na gringa, pegue os vídeos dos caras, dê uma maquiada, publique e ganhe rios de dinheiro com isso”. Ou no popular: roube vídeos de terceiros, aplique uns truques para evitar ser pego e ganhe dinheiro com isso.

    E tudo isso é explicado com a maior tranquilidade. “Modelar” é o termo da moda.

    Me lembrou do conceito de Desengajamento Moral, desenvolvido pelo psicólogo canadense Albert Bandura. Vale lembrar dos pontos principais:

    1.O sujeito se vê como alguém excepcional e genuinamente crê que está acima das normas e dos regulamentos; anseia constantemente por vantagens e regalias injustificadas.

    1. Experimenta uma sensação de astúcia e poder ao ludibriar e lesar os outros.
    2. Recusa-se a admitir qualquer fiscalização ou repreensão por suas transgressões, passando a encarar a autoridade que o enquadrou como adversária, chegando até a considerá-la o "vilão" da narrativa;
    3. A flexibilidade ética do indivíduo cria uma variedade de mecanismos para justificar suas ações ilegais ou irresponsáveis. Essas justificativas, segundo ele, devem ser aceitas pela sociedade simplesmente porque acredita ser uma pessoa "especial".

    Aí me deparo com uma fala de Noam Chomski, um intelectual que acompanho com reservas, falando sobre Inteligência Artificial: "Vamos chamá-la pelo que é: um ‘software de plágio’. Nada cria, copia obras existentes de artistas existentes alterando-as o suficiente pra escapar às leis de direito autoral. É o maior roubo de propriedade intelectual desde que os colonos europeus chegaram.

    Taí. É isso que tenho visto por todo o lado: às favas com as regras éticas, vale tudo desde que se dê um nome novo e se ganhe muito dinheiro. E aí é coach quântico para um lado, mentor holístico para outro, consultor financeiro pra cá, filósofo de sofá pra lá, e milhões de pessoas que buscam uma luz, caindo na conversa dos caras. Um desses coachs quânticos uma vez me disse: “Luciano, pare de criar conteúdo. Simplesmente abra a câmera e vá fazendo reflexões sobre seu dia a dia. Mas faça bastante. É isso que o povo quer.”

    Vou “modelar” o conselho dele: “Luciano, entenda que você é seguido por idiotas. Esse povo não está nem aí com a qualidade do que você produz, quer é um modelo que ele possa admirar e tentar copiar. Não importa que esse modelo seja de mentira.”

    Bem, eu não sei você, mas eu não consigo fazer isso.

    Modelagem é roubo de propriedade intelectual. Mas acho que a sociedade, especialmente os jovens dinâmicos, não está preparada para essa discussão.

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    Cafezinho 596 – A mentalidade de rebanho

    Cafezinho 596 – A mentalidade de rebanho

     

    Para download da Jornada Saia da Média: https://cafebrasilpremium.com.br/app/jornadas/jornada-saia-da-media

    Na década de 1950, o psicólogo Solomon Asch conduziu o Experimento de Conformidade de Asch, onde formava um grupo de 7 a 9 alunos. Exceto um, todos eram cúmplices do pesquisador. A cada um deles foram mostradas linhas desenhadas num cartão, para que indicasse qual linha era maior. Embora a resposta correta fosse claramente evidente, os cúmplices apontavam a resposta errada. O sujeito que não era cúmplice sentia uma forte pressão do grupo para adotar a mesma opção errada, mesmo contra sua lógica. Cerca de um terço dos participantes reais escolheu a resposta errada, porque queria se encaixar no grupo. Isso passou a ser chamado de mentalidade de rebanho.

    Considere com que frequência você faz certas escolhas simplesmente porque seus amigos a fazem. Esse processo facilita a tomada de decisões e evita que você destoe em um grupo.

    De acordo com pesquisas, uma pequena parte da multidão toma as decisões informadas às quais as outras pessoas se conformam. Quanto maior o grupo, menos membros informados existem. Entendeu? Uma elite pensante conduzindo a maioria para onde ela quer.

    Mas sabe o mais interessante do experimento Asch? Quando a pessoa era convidada para dar a resposta em privado, ela escolhia a opção certa. Ou seja: ela só escolhia a resposta errada se o grupo a estivesse observando. Ela sabia que estava escolhendo o errado, mas tinha medo de não ser aceita pelo grupo.

    E quando Asch colocava no experimento uma outra pessoa, também cúmplice, que destoasse da opinião da maioria, o número de pessoas que se sentiam confiantes para apontar a solução correta aumentava consideravelmente. Havia mais alguém que concordava com ela.

    Entendeu por que existe tanta pressão para calar a voz dos que se atrevem a discordar da opinião da maioria? Esse povo que pergunta e contesta é perigoso demais para a elite que controla o rebanho.

     

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    Cafezinho 595 - Guerra Santa é oxímoro?

    Cafezinho 595 - Guerra Santa é oxímoro?

     A figura de linguagem que envolve o uso de palavras ou termos que aparentemente se contradizem é chamada de "oxímoro". Por exemplo:
    Quase sempre. Ué? Se é sempre, como pode ser quase? 
    Aposta segura. Se a definição de “aposta” é “evento incerto”, como é que pode ser segura? E a pior de todas... Guerra Santa. O conflito que é considerado sagrado, justo ou legítimo por uma determinada religião ou grupo religioso. Como é que uma guerra, com assassinato de pessoas, pode ser conduzida em nome de Deus ou de uma causa religiosa? Como é que degolar um bebê, matar uma mulher grávida ou um ancião pode ser um dever religioso? Como é que o terrorismo pode caber numa ideia de santidade, retidão e justiça divina?

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    Cafezinho 594 - Da indignação ao desprezo

    Cafezinho 594 - Da indignação ao desprezo

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    É impressionante como gostamos de frivolidades, não é? Pode ser pela busca por entretenimento e escape das pressões da vida cotidiana. Pode ser a necessidade de conexão social pelo compartilhamento de interesses comuns. Pode ser influência da cultura da mídia que valoriza notícias sensacionalistas. Pode ser pela facilidade de consumo desse tipo de conteúdo. O atrativo da novidade. A pressão social para se manter informado sobre certos tópicos. O fascínio pela vida de outras pessoas. Aspectos psicológicos que estimulam emoções imediatas. E pode ser pela escassez de tempo em vidas ocupadas. 
    Não haveria nenhum problema se equilibrássemos esse interesse pela frivolidade com conteúdos que promovem crescimento pessoal e aprendizado. Mas...

     

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    Cafezinho 593 - Relativizar é Absurdo

    Cafezinho 593 - Relativizar é Absurdo

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    O escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura, publicou em 1995 seu livro “Ensaio sobre a cegueira”. A obra é uma narrativa distópica que aborda questões sociais e humanas por meio de uma alegoria. A história começa com um homem que, enquanto está no trânsito, de repente fica cego. Essa cegueira é contagiosa, e, gradualmente, um grande número de pessoas na cidade também perde a visão. O governo decide isolar os cegos em quarentena, criando uma sociedade caótica e brutal.

    Saramago se definia como um militante “hormonal” comunista. Em 2003, ficou indignado com o regime cubano, que até então ele defendia, por conta da execução de três sequestradores de um barco que queriam fugir para os EUA. Publicou uma carta dirigida a Fidel Castro, que começava assim: "Até aqui cheguei. De agora em diante, Cuba seguirá seu caminho, e eu fico onde estou.”

    “Até aqui cheguei...” Em 2003, quando Saramago escreveu sua carta, o regime cubano já havia executado cerca de 3 mil pessoas desde que assumiu o poder em 1959. Para Saramago, até 3 mil execuções dava para suportar. Mais três, não.

    Ele se curou da cegueira e anunciou que caia fora da torcida cubana.

    Me lembrei disso por causa dos acontecimentos recentes em Israel, com o massacre de civis, inclusive crianças, pelos terroristas – deixe-me repetir bem claro – ter-ro-ris-tas – palestinos do Hamas. Uma barbárie, sem justificativa moral, ética, humanitária ou religiosa que a respalde, um crime de ódio racial que eu torcia para que não assistíssemos mais.

    Lembrei de Saramago pela quantidade de gente relativizando o morticínio. Vi gente se recusando a chamar o Hamas pelo que ele é – grupo terrorista. Vi gente relativizando o massacre. Vi gente dizendo que foi bem feito para Israel. Vi gente dando as maiores piruetas retóricas para igualar moralmente a reação israelense ao ataque covarde dos terroristas. E essa gente que vi, não foram bêbados em discussão de boteco, mas autoridades políticas, influenciadores digitais e, especialmente, jornalistas.

    Vivemos um ciclo de pressões angustiantes, com um clima de ameaça contínua. Era para estarmos unidos, combatendo um inimigo comum, como já fizemos em alguns momentos da história. Mas não. Uma epidemia de cegueira moral parece que tomou conta da sociedade.

    Saramago precisou de 3.003 execuções de adultos para sair da cegueira moral. Você aí, que relativiza o terror vendo execuções de adultos e crianças, vai precisar de quantas?

    Quem relativiza o crime, criminoso é. Quem relativiza o canalha, canalha é. Quem relativiza o terror, terrorista é. Não precisa pegar em armas e praticar o crime.

    Basta ser um cego moral.

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    pt-BROctober 13, 2023