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    Cafezinho 382 – Fazer o quê?

    pt-BRMay 03, 2021
    What was the main topic of the podcast episode?
    Summarise the key points discussed in the episode?
    Were there any notable quotes or insights from the speakers?
    Which popular books were mentioned in this episode?
    Were there any points particularly controversial or thought-provoking discussed in the episode?
    Were any current events or trending topics addressed in the episode?

    About this Episode

    Em minha vida profissional sempre me deparei com coisas que não aconteciam, os “não-eventos”. E ao interpelar o responsável, invariavelmente vinha um “to esperando o fulano”, “to esperando a liberação”, “to esperando o orçamento” e outras variedades de esperas. E quando eu apertava a pessoa, vinha aquele infalível, “fazer o quê”? E a culpa do não acontecimento era confortavelmente transferida para um terceiro.  Num texto de Moacyr Scliar que tratava da eliminação do Brasil numa das copas do mundo, ele dizia que a frase mais comum foi o clássico “Fazer o quê?”, marca registrada do fatalismo brasileiro. Perdemos, fazer o quê? E Scliar explica:

    “‘Fazer o quê?’ serve para o curto prazo, para o momento de perplexidade, de desamparo. (...) No caso, esse desamparo resulta, não do destino, mas de uma invencível compulsão. O cara que prefere a sede à água, o cara que prefere, à cabeça, a parede que vai rachar a cabeça, esse cara realmente vai se ferrar, mas não pode evitá-lo: é o seu jeito de ser, fazer o quê?

    Por definição, trata-se de uma pergunta sem resposta, o símbolo da resignação. Uma resignação que, aliás, até ajuda as pessoas, impedindo-as de caírem no desespero. Numa crônica, Fernando Sabino fala de sua empregada que, numa daquelas chuvaradas devastadoras, perdeu o barraco onde morava. Além do “fazer o quê?”, a mulher produziu uma reflexão consoladora: pelo menos, ela disse, não vai faltar água para a lavoura.

    Quando alguém se queixa de coisas como tristeza, sensação de inutilidade, desamparo, um norte-americano inevitavelmente dirá: ‘Do something about it’, faça alguma coisa a respeito, não fique se lamentando. Fazer, numa sociedade eminentemente pragmática, é a coisa básica. Foi pelo fazer que os norte-americanos chegaram onde chegaram, mesmo que o modelo por eles construído desagrade a muita gente.

    Para a vida como um todo, a pergunta correta é ‘O que fazer?’“

     

    Versão no Youtube:  https://youtu.be/Fl_jhZGDPjY

     

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    Cafezinho 614 - Abismo cultural

    Cafezinho 614 - Abismo cultural

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    Em 2018 estive nos Estados Unidos participando da Winter Conference da National Speakers Association, sobre o futuro das palestras. Assisti dezenas de apresentações, ávido para compreender a visão de futuro que os norte-americanos têm do segmento no qual atuo. Os Estados Unidos estão 10, 20 anos à frente do Brasil no segmento das palestras. São mais organizados, mais comprometidos, mais antenados. E lá pelo meio do evento, ficou claro para mim que as dificuldades que separam o Brasil dos Estados Unidos nesse segmento, não são técnicas, não são formais. Nós temos as mesmas tecnologias que eles, contamos histórias até melhor que muitos deles, somos mais verdadeiros no palco, sabemos como combinar emoção com conteúdo igual ou até melhor que eles. Mas o fosso cultural que nos separa é quase intransponível. Esse fosso não é uma questão de educação formal. Em muitos momentos me vi viajando em meio à discussão, que falavam de proposta de valor, discutiam detalhes de como incorporar mais conteúdo, como criar momentos excepcionais, como entregar mais valor. E quando os clientes, os contratadores de palestras se apresentaram, deixaram claro o que buscavam: profissionais capazes não só de informar, educar e entreter audiências, mas de levar o evento do contratador para suas próprias audiências, de combinar mídias sociais próprias com o evento… eles querem muito mais que uma palestra. Eu ouvindo aquilo tudo e comparando com o Brasil, cara. O que é que a gente discute aqui, hein? Bom. É preço, né?
    Vendemos e contratamos palestras pelo preço. E só pagamos o preço alto se o palestrante for uma celebridade… Conteúdo? Ah, se for uma celebridade isso nem importa! Em nenhum, eu repito, NENHUM segundo daquele evento de três dias o assunto “preço de palestras” foi mencionado.
    Aí eu vou alugar um carro e a relação com a empresa está anos luz à frente da nossa relação aqui no Brasil. Vou fechar a conta no hotel. O que eu disse que eu consumi no quarto é o que vale, eles não mandam a camareira verificar. Vou no Museu. Segunda feira. Lotado de estudantes, jovens estudantes. Fui em três museus e vi o mesmo. Um deles, o Museu do Holocausto, numa cidade chamada Richmond, na Virgínia, que tem cerca de 230 mil habitantes. Eu não sei se o Brasil tem quatro museus que possam se comparar àquele da pequena cidade. Construído e mantido por sobreviventes dos Campos de Concentração, que doaram tempo e dinheiro para aquela sociedade.
    Você percebe a diferença?
    Sim, eu sei que existem problemas nos Estados Unidos, sim eu encontrei miseráveis, os sem teto pedindo esmolas nas ruas de Baltimore, sim, aquilo não é um paraíso, sim, sim, eu sei… Mas se é só isso que você consegue compreender de tudo que estou dizendo aqui, por favor comece de novo. Dispa-se de sua mistura de inveja com frustração e ódio. Pratique a empatia positiva com os norte-americanos. Transforme essa sua dor de cotovelo em curiosidade, meu… o que é que aqueles caras fazem de tão bom que a gente deveria copiar?
    Aquela sociedade sabe o que quer. Define regras. E cumpre. E os indivíduos que a compõem sabem disso. Quem quebra regras sabe que sofrerá consequências.
    Cara, como é óbvio isso...

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    Cafezinho 613 - Baixe a bola? Eu não!

    Cafezinho 613 - Baixe a bola? Eu não!

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    Pô, Luciano, nessa idade você já devia ter baixado a bola, não? É mais ou menos como “fulana, você está muto bonita para essa idade.” Como se beleza, criatividade e energia fossem exclusivas dos jovens. Envelheceu, fica feio, sem ideias e, de acordo com alguns aí, burro. Bem, já que beleza não é o meu forte, vamos de criatividade. 

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    Cafezinho 611 - O funk no busão

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    Não é difícil comprovar que as pessoas, em geral, estão cada vez mais hostis aos princípios da liberdade.  Elas estão cada vez mais facilmente ofendidas, e, com isso, querem cercear a liberdade alheia.  Elas querem liberdade apenas para elas próprias.  Já eu quero bem mais do que isso, diz Walter Williams.  Quero liberdade para mim e para meus semelhantes.

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    Cafezinho 609 - Não passe pela vida em branco

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    Não sei como é com você, mas eu tenho uma preocupação constante com o depois que eu me for. Com o que eu deixarei para as pessoas que eu amo. Deixar algum conforto material para meus filhos é, ao menos para mim, uma medida do sucesso com que conduzi a vida. Se eu não fizer nenhum desastre, essa parte está meio resolvida. Não deixarei ninguém rico, mas vou dar uma ajuda. O outro lado é a herança imaterial. Os valores morais. O que eu considero realmente o legado.

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    Cafezinho 608 - Ignorância é poder

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    Robert Proctor, historiador da ciência da Universidade de Stanford, começou a se aprofundar nas práticas das empresas de tabaco, que gastaram bilhões obscurecendo o conhecimento sobre os efeitos do tabagismo na saúde dos fumantes. Essa busca levou Proctor a criar uma palavra para o estudo da propagação deliberada da ignorância: agnotologia.
    Agnotologia vem de “agnosis”, a palavra grega neoclássica para ignorância ou "não saber", e “ontologia”, o ramo da metafísica que trata da natureza do ser.

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    Cafezinho 607 - Fabrica de Otarios

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    No início de suas carreiras, Daniel Khanenman e Amos Tversky trabalharam em diferentes ramos da psicologia: Kahneman estudou a visão, enquanto Tversky estudou a tomada de decisão. Em seus estudos, eles mostraram que, em ambos os domínios, os seres humanos dificilmente se comportam como se fossem estatísticos treinados ou intuitivos. Em vez disso, seus julgamentos e decisões se desviam dos modelos econômicos idealizados. As coisas não são como são, mas como as pessoas acham que são.

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    Cafezinho 606 - Broken Windows

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    Quem me acompanha conhece o conceito do Broken Windows (Janelas Quebradas), que apresentei no Cafezinho 68. Pequenos desleixos levam a desleixos maiores. Pequenos crimes levam a crimes maiores. Pequenas sacanagens levam a sacanagens maiores. Faz parte do espírito humano.
    Deixei o título em inglês por causa do “Windows”, que logo nos remete à internet. Quero falar das janelas quebradas da internet

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    Cafezinho 605 - Educassão nasional

    Cafezinho 605 - Educassão nasional

    Link para a análise do De Olho No Material Escolar: https://cafebrasilpremium.com.br/app/e-books/relatorio-analitico-conae-2024

    O PNE - Plano Nacional de Educação, vai definir o caminho para a educação nos próximos dez anos. E a seguir como está, teremos o aprofundamento do fosso educacional.
    Temas para debate como a universalização do acesso à educação, evasão escolar, ensino técnico, utilização de recursos públicos e qualidade dos conteúdos educacionais, com medição dos índices a partir de padrões internacionais podem ser deixados em segundo plano em favor de pautas ideológicas.
    É preciso ficar de olho. 

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    Cafezinho 604 - Não desista!

    Cafezinho 604 - Não desista!

    “O que cria um influencer é a quantidade de idioters” é a frase de uma das mais novas camisetas da loja Café Brasil. O quer dizer isso? Que um youtuber falando merda para 2 milhões de seguidores, só sobrevive porque tem 2 milhões dando-lhe ouvidos. A culpa não é do Youtuber, que está entregando aquilo que seu público quer. E o mesmo vale para a música, literatura, cinema, jornalismo...

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